Em 2001 me foi “apresentada” a reto colite ulcerativa... Na época tinha 21 anos, e confesso que não dei muita importância ao fato, só queria que aquele pequeno sangramento durante as evacuações acabassem.
E assim aconteceu durante 8 anos, pequenos sangramentos, constipação, tomava a medicação, e logo melhorava.
Mas foi em abril de 2009, que os sinais e sintomas da doença realmente se manifestaram, diarréia intensa, perda de peso, sangramento... mas dessa vez custou a melhorar, fiquei mais ou menos 2 meses pra me recuperar.
Mas em outubro desse mesmo ano, em uma inesquecível manhã do dia 30, acordei com uma cólica que eu nem consigo explicar a intensidade daquela dor, fui para o hospital e fui internada... e foi aí que tudo começou:
Depois de 4 dias fui para UTI... com hemorragia grave, infecção, pneumonia, foram quase 50 dias... eu não me reconhecia mais, abdome muito distendido, fiquei muito inchada por causa dos corticóides, sem alimentação V.O. (via oral), parecia que era uma situação que não tinha fim... até aquele momento, por 2 vezes meus familiares foram preparados pelos médicos que poderia acontecer o pior... quase me perderam por causa de uma pneumonia, fiquei entubada por uns 3 dias, foi “punk”... além do proctologista me acompanhando, tinha um infectologista, gastro, nutricionista, fisioterapia respiratória, tive que praticamente reaprender a andar, porque fiquei muitos dias deitada, enfim... tratamento multidisciplinar.
Mas não acabou por aí, quando todo mundo achava que eu estava me recuperando, de repente piorei, tive que ir às pressas para o centro cirúrgico. Aquele dia confesso que eu estava esgotada de tudo que estava acontecendo... pedi pra Deus que me levasse e acabasse com toda aquela situação... Mal sabia que depois de tudo aquilo é que viria a grande lição da minha vida... e por mais uma vez, minha vida foi definitivamente entregue nas mão de Deus. E enfim fui apresentada ao “tal” estoma, a bolsa de ileostomia, fui submetida a uma colectomia total, eu nem sabia que tudo isso existia, foi um choque, eu estava tão despreparada pra tudo aquilo.
Mas foi surpreendente a minha recuperação... depois da cirurgia comecei a melhorar, e depois de uns 15 dias tive alta.
Depois de 20 dias da cirurgia eu já estava trabalhando novamente; com 30 dias eu estava na praia, com 45 dias na academia (meu médico que não leia isso!!!), ou seja, Deus tampou seus ouvidos quando eu pedi aquele absurdo pra Ele, e no entanto me deu uma força de superação que eu nem imaginava que existia dentro de mim... saí daquele hospital com sede de vida... de aproveitar minuto a minuto!!!
Hoje depois de quase 2 anos, continuo muito bem, vivendo uma vida normal e sem limitações, meu médico já me “liberou” a uns 7 meses para fazer a primeira etapa da reconstrução ( a bolsa ileal em J)... mas estou esperando a coragem aparecer pra encarar mais esse desafio.
É importantíssimo eu comentar sobre o apoio que eu tive nessa minha experiência... meus pais maravilhosos, que pararam de viver a vida deles pra ficar ao meu lado naquele momento, meus irmãos e amigos, aos meus médicos ( Dr. Desidério e equipe do Hospital Prof. Edmundo Vasconcelos) e em especial ao meu MARIDO... ali ele mostrou o significado do que é o amor, do companheirismo, do que é amar o interior independente do que está por fora... aqueles joelhos calejaram de tanta oração!!!
Hoje sou uma pessoa muito melhor... E vivo minha condição de ostomizada sem fronteiras!!!
Nenhum comentário:
Postar um comentário